olha o boneco

O blog de fotografia do MEF-Movimento de Expressão Fotográfica

sexta-feira

 

" O Beijo"


Reuters


 

"O Beijo"

Original da foto "O Beijo" é comprado por 155 mil euros

Um dos raros originais de "O beijo" (1950), a célebre fotografia de Robert Doisneau que mostra um casal a beijar-se numa rua de Paris, foi comprado na segunda-feira por 155 mil euros, que sobe para 184.960 euros quando somadas as despesas do leilão.
A foto, de 18x24,6 centímetros, teve como preço inicial entre 15 mil a 20 mil euros.Os organizadores do leilão, da Artcurial Briest-Poulain-Le Fur, que há várias semanas lançaram uma campanha internacional de divulgação do leilão, previram que o seu valor "subiria", embora após a venda tenham reconhecido à EFE que estavam "muito surpresos" e asseguraram não ter sequer pensado que pudesse "subir tanto".
A maior cotação atingida até ao momento por uma fotografia de Doisneau foi de 14 mil euros, destacaram.
O comprador de "O beijo" é "um colecionador suíço que não quis revelar a sua identidade", pelo menos por enquanto, e que deu o lance por telefone, informaram."Houve muitos telefonemas" esta noite na sede da Artcurial, disseram os organizadores do leilão.
A antiga proprietária do original de Doisneau (1912-1994) era a mulher que aparece na foto, Françoise Bornet, de 75 anos.
A rapidez da venda foi tão impressionante que deixou a própria proprietária surpreendida.
Acompanhada do seu marido, que conheceu em 1960, dez anos depois do famoso beijo, Bornet não escondia a sua alegria.
O casal leiloou a fotografia e outros pertences para montar uma produtora de documentários para televisão.
A fotografia de Doisneau deu a volta ao mundo e transformou-se num romântico símbolo do amor e da vida quotidiana na capital francesa em meados dos anos 80, por isso em 1992 bateu todos os recordes de vendas com a comercialização de mais de 400 mil cópias.
Françoise Bornet estudava artes dramáticas no Curso Simon com o seu namorado, Jacques Carteaud, quando Doisneau buscava material para uma reportagem da revista americana America's Life sobre os apaixonados de Paris.
O artista descobriu o casal num café parisiense e pediu para que os dois servissem de modelo e posassem na rua dando um beijo apaixonado.
Embora o romance só tenha durado alguns meses, Françoise Bornet guardou a fotografia com o selo de Doisneau na parte posterior, que foi enviada pelo próprio fotógrafo uns dias depois.
Os dois guardaram também o segredo do fotógrafo, pois pensavam que Doisneau preferia deixar o mundo acreditar que a foto não havia sido encenada.
Françoise Bornet mudou, no entanto, de opinião, quando em 1992 começaram a surgir candidatos pedindo a cobrança de direitos autorais, assegurando que eram os protagonistas da cena.

Informação retirada de: Diversão & Arte http://www1.uol.com.br

 

phótos gráphos

Fotografar,
segundo a origem grega do termo,
significa
"escrever com a luz"
(do grego "phótos"=luz; "gráphos"=escrita).

A fotografia consiste na fixação em meio físico de uma imagem a partir dos raios luminosos
que a compõe.

 

Metropolitano de Lisboa

Foto: Luís Rocha

Imagem tirada no Metropolitano de Lisboa

Realizada para integrar a peça de teatro
"Paris é uma Miragem"
da Companhia Teatral do Chiado
Agradeço ao Metropolitano de Lisboa e à C.T.C.

quarta-feira

 

Presença no Curso de Sábado

.Sábado.
 
No curso de Fotografia no Bairro Padre Cruz, vamos falar de Iluminação e de fotografia de reportagem.
 


 


 

Born Into Brothels

"Born Into Brothels (Calcutta's Red Light Kids)"
de Zana Briski e RossKauffman.
 
Este documentário é sobre o trabalho da fotógrafa Zana Briski em Calcutá onde ensinou filhos de prostitutas, entre outras crianças problemáticas, a fotografar.
Deste trabalho nasceu uma associação sem fins lucrativos.
 
http://www.kids-with-cameras.org


 


 

Agora em...

Paisagens do olhar
Twelve points of view
Paysages du regard
Paisaje en la mirada
Luís Rocha

terça-feira

 

1ª Exposição do MEF

Devido a cortes no orçamento,
a luz ao fim do túnel será desligada
por tempo indeterminado...

Pelo MEF – Movimento de Expressão Fotográfica expõe:

· Francisco Pereira

· Helder Dias

· Ricardo Saraiva

· Rodolfo Barros

· Rui Luís

· Susana Costa

· Susana Sanches

MARÇO 2000 Teatro de Carnide


Exposição em parceria com os Cursos de Fotografia

da Junta de Freguesia de Carnide

Formador: Luís Rocha




 

Oficina da Fotografia


Mapa da Oficina da Fotografia

 

Espaço de Fotografia


Mapa do Espaço de Fotografia

 

Leonardo Da Vinci

"A experiência nunca erra; somente os juízos erram."

Leonardo Da Vinci!



 

Quem é o MEF?

O MEF – Movimento de Expressão Fotográfica trabalha na área da imagem, com particular destaque para a fotografia e cujo objectivo é de promover o gosto da mesma junto do grande público.
Criar uma plataforma de modo a que os seus associados possam usufruir de oportunidades de expor e divulgar os seus trabalhos e está também envolvido em projectos com instituições e associações ligadas à área da acção social, que compreendem acções de formação visando públicos que por norma tendem a não usufruir das mesmas oportunidades que o cidadão comum, como é o caso de pessoas portadoras de deficiências visuais, motoras e mentais, ou pessoas social e ou economicamente carenciadas.

Com existência desde o ano 2000, surgiu inicialmente ligado aos cursos de fotografia da Junta de Freguesia de Carnide, no âmbito do projecto "Contigo Vais Longe" da C.M.L., que visava a prevenção da toxicodependência.

Mais do que por escolha, o MEF reconheceu ter condições para desenvolver trabalho na área da acção social, procurando desse modo, contribuir para um desenvolvimento da fotografia enquanto forma de expressão e ao mesmo tempo fornecer oportunidades de formação fotográfica a quem a elas não tem acesso.

Através das suas iniciativas, o MEF, busca que todos os cidadãos, disponham das mesmas oportunidades, (neste caso, a de acesso à formação e ao contacto com o equipamento fotográfico, não descurando a exposição e divulgação dos trabalhos realizados); considera a área da fotografia como uma importante ferramenta plena de potencial; caminhando assim para um objectivo mais ambicioso e alargado de democratizar a arte, especificamente a fotografia, de modo a que se torne parte do quotidiano e não se limite a ser apenas propriedade de uma elite.

Para atingir os seus objectivos, tem vindo a colaborar com diversas entidades.

Com o Departamento de Acção Social da Câmara Municipal de Lisboa , dinamiza a Oficina de Fotografia localizada no Espaço Municipal da Flamenga (gabinete de produção, espaço de laboratório, auditório, sala de formação informática e sala de formação), onde desenvolve Cursos de Iniciação à Fotografia, Curso de Fotografia Aplicada, Cursos de Fotografia para pessoas com deficiências visuais, (este curso é desenvolvido em pareceria com a APEDVAssociação Promotora para o Emprego do Deficiente Visual) Cursos de Sensibilização à Fotografia na área da Acção Social (este curso é desenvolvido em pareceria com a Associação CAIS) e Ateliers para crianças (Aprender a Fotografar; Pinhole; Pinhole e construção de máquina; Fotogramas; Desenho em Fotografia; Emulsão quida; Fotografia instantânea; animação com fotografia).

Com a Junta de Freguesia de Carnide foi criado o Espaço de Fotografia (sede do Movimento de Expressão Fotográfica com espaço de laboratório e sala de formação), no Bairro Padre Cruz, com o intuito de fornecer apoio aos cursos de fotografia organizados por esta entidade ( Curso de Iniciação à Fotografia, Curso de Fotografia Aplicada I, Curso de Fotografia Aplicada II, Projecto Educativo -fotografia como ferramenta de alfabetização visual, tendo como público alvo os alunos dos estabelecimentos de ensino da Freguesia)

Com o apoio da Quinta dos Bichos, foi criado o Centro Cultural do Sofá (espaço para reuniões entre os associados onde se pode pernoitar e frequentar Workshops de temas específicos), cuja função principal é permitir aos associados desenvolverem e concretizarem os seus projectos fotográficos.

A convite da Junta de Freguesia de Marvila dinamiza o laboratório de fotografia situado no Espaço LX-Jovem no Bairro do Armador. As actividades desenvolvidas neste espaço passam por um curso de iniciação à fotografia e por actividades fotográficas dirigidas à população da freguesia, sendo estas com um carácter de dinamização de rua.

Em parceria com a Revista CAIS poderá vir a desenvolver no Centro CAIS acções de formação na área da fotografia digital para a população sem-abrigo.

Como meio de promover os trabalhos dos seus alunos e associados,

o MEF realiza eventos em parceria e com o apoio do Pelouro da Juventude da C.M.L. do Departamento de Acção Social / Oficina da Fotografia da C.M.L. e da Junta de Freguesia de Carnide , sendo dois destes eventos com frequência bienal: o Artes na Rua (exposição colectiva onde os autores trabalham sobre um tema) e a Feira da Fotografia (como meio de promoção do intercâmbio de imagens fotográficas).

Em termos de edição o movimento dispõe de um jornal fotográfico de seu nome "Sofá de molas", jornal com edição de mil (1000) exemplares e que tem por objectivo o de promover e editar projectos fotográficos do movimento. Mensalmente é editado o boletim " movimentos" cuja função é o de informar os sócios das actividades e novidades do movimento, sendo que a distribuição deste é exclusivamente interna.

Outro dos projectos em curso é a criação do Centro de Imagem (espaço de biblioteca e de estúdio fotográfico), que se encontrará localizado no Espaço da Fotografia, no Bairro Padre Cruz.

No universo da Internet o MEF disponibiliza dois espaços:
o site www.photogramas.com que tem como objectivo o de permitir aos seus associados, alunos e convidados terem um espaço de debate e reflexão à volta das suas imagens, as imagens colocadas no site são posteriormente analisadas e comentadas com um carácter pedagógico.
E para a informação diária do MEF foi lançado o blog "http://olhaoboneco.blogspot.com"
e ainda a Newsletter "Prova de Contacto".
Lança ainda com uma periodicidade não regular a " Amplicópia", envio de textos, imagens, notícias, etc.


 

Cursos de fotografia - MEF

2005 / 2006

Curso Geral de Fotografia


Neste curso o participante é levado a explorar a fotografia enquanto forma de olhar.
Primeiro com uma forte componente técnica, seguida de uma componente prática, este curso culmina com a apresentação pública dos trabalhos desenvolvidos.
Programa resumido:
Máquina fotográfica; medição de luz; objectivas; filmes; filtros; composição; fotografia de autor; fotografia contemporânea; laboratório a preto e branco; iluminação (contínua e flash); retrato; emulsão líquida; fotografia Pinhole; viragens e tintagens.

Este curso realiza-se no Espaço de Fotografia / Centro de Imagem

Workshop de Processos Alternativos


Este workshop incidirá sobre processos fotográficos alternativos para explorar outras vertentes da fotografia, nomeadamente os processos
que estão a cair em desuso com a proliferação da fotografia digital.
Programa resumido:
Fotografia Pinhole; emulsão líquida; fotogramas; emulsão-transfer; processos fotográficos directos; processo cruzado; viragens e Tintagens; pintura de fotografia.

Este workshop realiza-se no Espaço de Fotografia / Centro de Imagem

Curso de Iniciação à Fotografia


O curso de iniciação à fotografia tem como objectivo passar os conhecimentos necessários para a captação de boas imagens em película fotográfica,
saber usar uma máquina fotográfica, obter uma estética apurada e dominar as técnicas necessárias para conseguir os resultados pretendidos.
Programa resumido:
Máquina fotográfica; medição de luz; objectivas; filmes; filtros; composição; fotografia de autor; laboratório a preto e branco; fotografia Pinhole.

Este curso realiza-se na Oficina da Fotografia / Espaço Municipal da Flamenga

Curso de Fotografia Aplicada


O curso de fotografia aplicada tem como objectivo sedimentar conhecimentos e despertar questões relativas à fotografia.
Girando à volta de interrogações como "o que é a fotografia documental" e reflectindo sobre questões como a identidade, o género, a auto-representação, este curso é direccionado para a vertente da fotografia enquanto forma de expressão.
Programa resumido:
Iluminação / composição; retrato; foto-reportagem / documental; fotografia de nu; fotografia de teatro; fotografia de autor; Projecto fotográfico.

Este curso realiza-se na Oficina da Fotografia / Espaço Municipal da Flamenga

Curso de Fotografia Digital


Com a entrada do Digital na Fotografia torna-se obrigatório saber utilizar as ferramentas de edição de Imagem. O MEF propõe, um curso de Tratamento Digital da Imagem e de Fotografia Digital.
Programa resumido:
Máquina fotográfica digital; ajustes e correcções de cor; passagem a preto e branco e sépia; eliminação de objectos numa fotografia; retoque digital da imagem; máscaras; filtros; contrastes e saturação. Criação de apresentação Multimédia em FLASH.

Este curso realiza-se na Oficina da Fotografia / Espaço Municipal da Flamenga

Núcleo de Fotografia


O MEF pretende com o lançamento deste núcleo responder às necessidades de quem precisa de um espaço de trabalho e de discussão de ideias, não se ficando apenas pela oferta de um espaço, pretendendo também poder contribuir para o desenvolvimento fotográfico dos participantes.
Actividades:
Visitas de estudo; laboratório preto e branco com acompanhamento técnico; sessões práticas de fotografia em exterior; acompanhamento estético e técnico de projectos fotográficos.

Este núcleo tem lugar na Oficina da Fotografia / Espaço Municipal da Flamenga

Para mais informações: geral.mef@gmail.com


 

Edições do MEF

O MEF edita:
 
Prova de contacto - Newsletter
Movimentos - Boletim
Sofá de molas - Jornal de projectos
Amplicópia - Envio de textos, imagens, etc.
Photogramas - Site de imagens
Olha o boneco - Blog


 

Abertura do Blog

O Mef democratiza o blog para os seus associados e colaboradores.


 

Fernando Pessoa

Põe quanto és no mínimo que fazes


 

Tabacaria

http://www.instituto-camoes.pt/escritores/pessoa/tabacaria.htm

Tabacaria
Álvaro de Campos

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é

(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira.
Em que hei-de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso?
Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas —
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas —,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim?
Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocotte célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno — não concebo bem o quê —
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para àquem do lagarto remexidamente.

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeiraTalvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira.
Vou à janela.

O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)

Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.
15.01.1928

Para este poema Pessoa encarou a hipótese de outro título: Marcha da Derrota, ainda foi impresso nas provas da Presença
Teresa Rita Lopes, Álvaro de Campos - Livro de Versos. (Edição Crítica). Lisboa, Editorial Estampa, 3ª ed., 1997.

quinta-feira

 

Paris é uma miragem

Paris é uma miragem

(April in Paris)de John Godber

Cruz de Pau, 2005. O Zé está no desemprego e recebeu uma indemnização que está a esgotar-se. A Guida trabalha numa loja de roupa e calçado desportivo (no Laranjeiro). São casados há 5 anos. Vivem num «caixote» que a ex-empresa do Zé construiu: uma minúscula «vivenda» geminada, com um jardinzinho ridículo e uma garagem onde não cabe o carro. O Zé utiliza a garagem para pintar quadros, mas com a vaga suspeita de que nunca será «um grande artista». Ainda assim, fica dias inteiros metido na garagem.A Guida tem uma mania que irrita o Zé: passa a vida a responder a concursos de revistas mundanas, supermercados, etc. Nunca ganhou nada de jeito, até agora. Mas, de repente, sai-lhe uma viagem a Paris! Um Fim-de-Semana Romântico na cidade de Glamour! A Torre Eiffel! O Louvre! O Sena! O Zé nem acredita! A Guida passa-se!Será que eles vão mesmo à Cidade-Luz? E como se irão lá portar? Como reagirá o Zé quando vir, ao vivo, a Mona Lisa? Terão dinheiro para comer? E quando voltarem à Cruz de Pau, o que vai acontecer?
"Paris É Uma Miragem" é uma hilariante comédia popular, livremente adaptada da peça "April in Paris", do dramaturgo inglês John Godber.

Interpretação: Manuel Mendes, Sofia Duarte Silva
Encenação: Juvenal Garcês
Tradução: Gustavo Rubim, Vítor d´Andrade
Dramaturgia: Gustavo Rubim, Vítor d´Andrade
Envolvimento Cenográfico: Luís Rocha
Figurinos: Juvenal Garcês
Desenho de Luz: Vasco Letria
Contra-Regra: Tiago Peralta
Operação de Luz e Som: Sérgio Silva, Vasco Letria
Produção: Companhia Teatral do Chiado, Produções, Lda
Direcção de Produção: Luís Macedo
Equipa de Produção: Bruno Monteiro, Duarte Nuno Vasconcelos, João Carracedo, Luís Macedo, Nuno Santos, Simão Rubim
Frente de Casa: Duarte Nuno Vasconcelos
Bilheteira: Bruno Monteiro, Duarte Nuno Vasconcelos
Página na Internet da CTC: Duarte Nuno Vasconcelos, Webilis
Design: Nuno Santos
Fotografia: Luís Rocha
Local: Teatro-Estúdio Mário Viegas
Em cena a partir de 2005-06-02
Classificação: M/12

Uma comédia hilariante!!!

terça-feira

 
"Uma obra de arte nunca está completa, apenas é momentaneamente abandonada."
Leonardo Da Vinci

 

Projecto_Lisboa


O meu amigo Nuno
Fotografia Luís Rocha

 

Projecto_Lisboa


Fotografia Luís Rocha

 

Projecto_Lisboa


O meu amigo Tiago
Fotografia Luís Rocha

 

Projecto_Lisboa


Fotografia de Luís Rocha

 

Projecto_Lisboa

O meu amigo P.O.
baliza café-bar
Foto Luís Rocha

 

Projecto_Lisboa


Foto Luís Rocha

sexta-feira

 

PhotoJazz - Fotografar a Música

PhotoJazz - Fotografar a Música
Joana Rios canta Ella Fitzgerald


Um novo som, partindo da obra Joana Rios canta Ella Fitzgerald, recentemente editada, levou alunos da Oficina de Fotografia do Dept. de Acção Social da CML e membros do Movimento de Expressão Fotográfica (MEF) a criarem conceitos visuais específicos, traduzindo-os em imagens fotográficas. Na base, um ensaio do grupo da cantora e os locais para onde as suas sonoridades transportaram estes novos fotógrafos e o seu formador, Luís Rocha.

O projecto PhotoJazz partiu da vontade de realizar diálogos multidisciplinares entre diferentes formas de arte, juntando para já as artes dos fotógrafos do MEF, associação que visa a divulgação da fotografia enquanto arte, forma de expressão e reflexão, exercício de cidadania e integração social, dos seus alunos da Oficina de Fotografia do Dept. de Acção Social da CML no Espaço Municipal da Flamenga, e dos fabulosos músicos do projecto Joana Rios canta Ella Fitzgerald (Joana Rios - voz, Bruno Santos - guitarra, Bernardo Moreira - contrabaixo, André Sousa Machado - bateria, Pedro Moreira -saxofone, Claus Nymark - trombone). Dos conceitos visuais fotografados pelos diversos autores, e da transposição para imagem das suas reacções imediatas ao contacto com a nova obra de Joana Rios, surge este trabalho final em dvd, que integrará as diversas actividades de lançamento do disco.
Os autores das imagens são Luís Rocha, António Pedro, Hugo Dias, João Martins, Margarida Reis e Silva, Nuno Chaves, Pedro Mateus, Rodolfo Barros e Tânia Araújo.


Movimento de Expressão Fotográfica

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